O Globo, Rio, p. 11
05 de Abr de 2010
Indústrias na contramão da tendência verde
Percentual de empresas do estado que usam fontes renováveis de energia caiu em 2009
Tulio Brandão
O mais novo diagnóstico de gestão ambiental da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) revela que as empresas fluminenses andaram na contramão da tendência mundial de valorizar energias limpas. Segundo a pesquisa, o percentual de indústrias que usa fontes renováveis caiu de 10,3% do total, em 2008, para 6,3%, ano ado - redução de 4,1 pontos percentuais. Dentro dessa fatia pequena, a energia mais usada é a solar (35,5%), seguida pela hídrica (25,8%).
O gerente de meio ambiente da Firjan, Luiz Augusto Azevedo, ficou surpreso com o resultado da pesquisa, que em 2010 chegou à sua quinta edição. Para ele, a opção por fontes de energias mais sujas pode estar relacionada à situação econômica de 2009.
- Só podemos atribuir o desempenho das indústrias nesse quesito à crise. As empresas acabam optando por fontes tradicionais, que ainda são mais baratas. Vamos saber se o resultado teve relação ou não com a situação econômica na próxima pesquisa - pondera Azevedo.
Do outro lado do balcão, a secretária estadual do Ambiente, Marilene Ramos, também busca entender a redução no uso de energia limpa.
- Num primeiro momento, é possível apenas fazer especulações, como, por exemplo, associar esse resultado à entrada de usinas térmicas vendendo energia a preço competitivo. Mas um grande incentivo será o plano de compensação energética. É um mecanismo para obrigar o empreendedor de energias fósseis a produzir 5% de energia renovável como compensação. As primeiras térmicas licenciadas dessa forma ainda não saíram do papel - explica ela.
"Gestão ambiental não mais inviabiliza o negócio"
Luiz Augusto Azevedo, porém, vê uma evolução significativa na percepção da importância da gestão ambiental nas indústrias de pequeno, médio e grande porte do estado entre a primeira pesquisa, em 2005, e a última, em 2009:
- Na primeira edição, quando perguntamos qual a razão de a empresa implementar melhorias na gestão ambiental, a resposta comum era "necessidade de se adequar à legislação ambiental".
Itens como "preocupação com preservação ambiental" e "imagem junto aos fornecedores" eram os últimos da lista.
Agora, a ordem se inverteu. O empresário percebeu a importância da gestão ambiental.
O gerente da Firjan lembrou ainda que novas tecnologias permitiram a viabilidade econômica da gestão ambiental:
- No item "dificuldades de melhoria", o problema principal era a falta de recurso. Hoje, os empresários afirmam não haver mais dificuldade. A gestão ambiental não mais inviabiliza o negócio.
O Globo, 05/04/2010, Rio, p. 11
As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.