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Em outras obras, dificuldades para obter licenças e custos mais altos

O Globo, Economia, p. 24
26 de Jul de 2009

Em outras obras, dificuldades para obter licenças e custos mais altos
Usinas de Estreito, Belo Monte e Santo Antonio tiveram problemas

A área ambiental tem rendido uma conta salgada para grandes obras de infraestrutura.
Além dos atrasos causados por questões ecológicas, que muitas vezes acabam nos tribunais, o preço final de projetos estratégicos pode superar em muito as expectativas iniciais dos empreendedores.

A demora na concessão de licenças ambientais é reiteradamente criticada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na última quarta-feira, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, condenou a dificuldade para cumprir o cronograma de hidrelétricas: - Eu acredito que é mais fácil subir num pau-de-sebo do que obter licenças ambientais para a construção de novas hidrelétricas, o que é lamentável. Porque a energia hídrica é a mais limpa e a mais barata para o consumidor brasileiro.

Lobão lembrou o caso da Usina de Estreito, no Rio Tocantins, na divisa com o Maranhão, que já foi interrompida sete vezes.

Orçada em R$ 3,2 bilhões, o gasto para mitigar o dano ambiental será de R$ 280 milhões - 11,5% do total. Já a hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira (RO), teve de abrigar 28 programas socioambientais a um custo de R$ 900 milhões, ou 6,6% dos R$ 13,5 bilhões previstos para sua conclusão.

- Hidrelétrica é sempre uma guerra: o governo quer todas, e os ambientalistas não querem nenhuma - reconheceu o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.

Outro exemplo: uma comissão formada por ONGs, religiosos, indígenas e ribeirinhos se encontrou com Lula na tentativa de impedir a licitação para a construção da Usina de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), cujo valor é de R$ 7 bilhões.

Em alguns casos, como o da BR-319, os custos ambientais quase igualam os da obra. Com orçamento de R$ 697 milhões, a pavimentação de 400 quilômetros entre Porto Velho (RO) e Manaus (AM) custará mais R$ 653,5 milhões em ações de compensação ao meio ambiente. O cálculo foi feito pelo Ibama, que fez dez exigências para conceder a licença ambiental - como implementar 29 unidades de conservação no trajeto, ou 120,5 milhões de hectares de parque.

Apesar de serem consideradas mais sustentáveis do ponto de vista ambiental, algumas ferrovias, como a Transnordestina, também têm dificuldade em obter licenças. (Eduardo Rodrigues e Catarina Alencastro)

O Globo, 26/07/2009, Economia, p. 24

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