O Globo, O País, p. 12
29 de Mai de 2011
Mais um agricultor é assassinado no Pará
Vítima seria uma das testemunhas que viram os suspeitos de matar o casal de ambientalistas na terça-feira
Demétrio Weber
BRASÍLIA. Mais um assentado do projeto Agroextrativista Praialta-Piranheira, em Nova Ipixuna, no sudoeste do Pará, foi assassinado esta semana. O corpo foi encontrado ontem, na área onde morreram, na terça-feira, também vítimas de homicídio, os líderes do assentamento - o casal ambientalista José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva.
A Polícia Federal, que já investigava a morte do casal por ordem da presidente Dilma Rousseff, confirmou o novo assassinato, mas não informou o nome da vítima. Segundo a assessoria de Imprensa da PF, os agentes que estiveram no local não haviam retornado a Marabá (PA) até o início da noite. Trata-se da quarta morte de assentados e agricultores na região Norte esta semana: na última sexta-feira, um agricultor foi morto em Vista Alegre do Abunã, em Rondônia.
O advogado da Comissão Pastoral da Terra em Marabá, José Batista Afonso, disse que a vítima encontrada ontem é Erenilto Pereira dos Santos, 25 anos. O advogado afirmou que Erenilto seria uma das testemunhas que viram os suspeitos de matarem o casal, na última terça-feira. Ele declarou, porém, que não se sabe ainda se o assentado foi morto pelas mesmas pessoas que atacaram o casal ou se um caso tem relação com o outro.
- Não temos condições de dizer se foram os mesmos pistoleiros que mataram ele, mas essa não é uma hipótese descartada. Estamos avaliando com cautela, mas podemos dizer que qualquer pessoa que tenha informação a respeito (do assassinato do casal) está hoje numa situação de risco - disse José Batista, em entrevista por telefone.
O advogado contou que o assentado Erenilto estava desaparecido desde quinta-feira, quando deixou o lote onde vive para ir a um mercado comprar peixe, à beira do lago da hidrelétrica de Tucuruí. Preocupados com a demora e a falta de notícias, familiares saíram ontem em sua procura e encontraram o corpo com um tiro na cabeça, segundo o advogado. A moto usada pelo assentado também foi localizada.
A assessoria da PF informou que o cadáver teria sido visto por uma equipe do Ibama que sobrevoava o assentamento.
O advogado disse que Erenilto não chegou a prestar depoimento à polícia, na investigação do assassinato do casal. José Batista itiu que nem ele próprio, que atua como advogado das famílias de José Claudio e Maria do Espírito Santo, sabia que o assentado teria visto os suspeitos. Na manhã de terça-feira, após o casal de ambientalistas ter sido morto, Erenilto trabalhava junto a uma estrada, quando viu ar uma moto. Ele estava acompanhado de um cunhado e presenciaram o momento em que o motoqueiro parou para pedir informações.
O Globo, 29/05/2011, O País, p. 12
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