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Conferência não vai discutir fantasia, diz Dilma

FSP, Ciência, p. C9
05 de Abr de 2012

Conferência não vai discutir fantasia, diz Dilma
Para presidente, reunião da ONU terá que discutir paradigma realista de crescimento

MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA

Com discurso desenvolvimentista e críticas às energias alternativas, a presidente Dilma Rousseff afirmou ontem, em Brasília, que não há espaço para discutir "fantasia" na conferência de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas, Rio+20.
Ao reunir pela primeira vez em seu mandato o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, que ela preside, Dilma defendeu a produção de energia hidrelétrica. Em resposta a críticas de ONGs, afirmou que não se pode acreditar que o desenvolvimento ocorrerá apenas com energias eólica e solar.
"Temos até uma missão mais difícil [na conferência], que é propor um novo paradigma de crescimento que não pareça fantasioso. Ninguém aceita discutir a fantasia. Ela [a Rio+20] não tem espaço para fantasia. Eu não falo da utopia, falo da fantasia. Tenho que explicar como comer, ter o a água e como vão ter o a energia."
E completou: "Eu não posso dizer que só com eólica é possível iluminar o planeta. Não é. Para garantir energia de base renovável que não seja hídrica, fica difícil, né? Porque eólica não segura, né? E todo mundo sabe disso."
Ela ainda brincou, dizendo que não é possível "estocar vento".
Dilma, no entanto, disse que faltam reservatórios nas hidrelétricas brasileiras, o que pode ser compensado pelas usinas eólicas.
A presidente destacou que o Brasil vai ter que ter um papel de liderança. Segundo ela, o debate sobre geração de energia tem de ser científico e os países devem ter visão ampla, "sem olhar para o umbigo".
ELES DESMATARAM
Crítica do modelo dos países ricos para reagir à crise financeira internacional, Dilma também atacou-os em relação ao desmatamento.
"Nós temos tecnologia para antecipar e monitorar o desmatamento que poucos países têm, até porque muitos já desmataram o que tinham para desmatar."
Depois de um ano e quatro meses sem se reunir com o fórum e sem priorizar o combate à mudança climática, Dilma fez um afago no grupo e disse que não há como não discutir clima na conferência de junho. Essa era uma das principais críticas do secretário-executivo do fórum, Luiz Pinguelli Rosa. "O clima toca em outros aspectos aos quais o governo dá prioridade, como a pobreza", disse.
A presidente e a ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) sustentaram que vão acelerar os programas setoriais, especialmente sobre os cortes de emissões na indústria, que estão atrasados.
A representante do setor ambientalista no fórum Sílvia Alcântara vê retrocessos na área ambiental durante o governo Dilma.
"Às vésperas da Rio+20, grande parte das conquistas da sociedade brasileira na área socioambiental desde a Constituição de 1988, pode ser perdida, e isso seguramente será amplamente denunciado na Cúpula dos Povos". Ela cobrou o veto presidencial ao texto da reforma do Código Florestal.

FSP, 05/04/2012, Ciência, p. C9

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/35331-conferencia-nao-vai-disc…

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