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Construção de hidrelétricas no Amazonas é repetição de "erros cometidos" durante o regime militar, diz cientista

A Crítica - http://acritica.uol.com.br
Autor: Elaíze Farias
17 de Abr de 2012

A construção de hidrelétricas na bacia do rio Aripuanã, que compreende os Estados do Amazonas e Mato Grosso, é a repetição do governo federal dos "erros cometidos durante o regime militar". Esta é a avaliação do diretor geral do Museu da Amazônia (Musa), Ennio Candotti, um dos mais conceituados cientistas do país.

"O governo está considerando a Amazônia um grande reservatório de energia e mineral. Mas esquece que o grande patrimônio amazônico é o da biodiversidade, de suas florestas e águas. Também desconhece a dimensão humana, pois estas regiões são ocupadas por comunidades e terras indígenas", disse Candotti.

Os estudos do potencial energético da bacia e que resultaram na proposta de construção de sete usinas hidrelétricas no Amazonas e Mato Grosso estão há quase em avaliação pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A Aneel já aprovou o estudo, embora ainda não tenha divulgado a medida oficialmente. No Amazonas, serão construídas quatro usinas para serem incorporadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN). A geração de energia não atenderá o Estado nem os Municípios onde as usinas serão localizadas (Novo Aripuanã e Apuí).

Desafios

Ennio Candotti descreveu como "tecnocratas" os estudos realizados sobre o potencial da Amazônia. Para ele, são observados apenas os parâmetros de ocupação e de extensão de um território, sem levar em consideração os significados simbólicos e de preservação ambiental.

"Precisamos parar com essa mania de encontrar soluções superficiais para as questões da Amazônia. Não é assim que se tomam as decisões importantes. Precisamos definir um plano de estudos e pesquisa à altura dos desafios amazônicos. Se isto não for feito, resultado em confusões e conflitos", alertou.

Engano

O coordenador da Fundação Vitória Amazônia (FAV), Carlos Durigan, disse que vê com bastante preocupação a construção das hidrelétricas. Ele alertou para a ausência de discussão e o desconhecimento da sociedade acerca do projeto. "Os órgãos precisam promover debates, esclarecer a sociedade quando o projeto está sendo idealizado", disse.

Durigan lembrou que, muitas vezes, o poder público recorre a uma "publicidade enganosa", dizendo que os empreendimentos vão melhorar a vida da população. "Na verdade, não é isso. Os empregos gerados são transitórios e nem sempre são para a população local", comentou.

Alerta

O presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALEAM), deputado estadual Luiz Castro (PPS) criticou a "visão desenvolvimentista do governo Dilma" em relação ao modelo energético. Ele afirmou que após ler a publicação da notícia no jornal A CRÍTICA decidiu alertar a bancada federal do Amazonas no Congresso Nacional e iniciar uma série de questionamentos junto aos órgãos federais, como é o caso do Ministério de Minas e Energia.

"O planejamento energético para a Amazônia e para o Amazonas só traz ivo ambiental. O Estado não vai receber benefícios. A construção dessas usinas não faz sentido para a nossa região, pois elas destrói a região, mas a geração de energia é para o Sul e Sudeste. É um erro ambiental e uma grande injustiça o Amazonas", comentou.

A reportagem procurou a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), por meio da assessoria de imprensa, mas esta não retornou até a conclusão desta matéria.

Estudos

A assessoria de imprensa da Aneel informou, por email, que o órgão é responsável apenas pela análise técnica. Segundo a assessoria, a sociedade civil, Ongs e associações tiveram conhecimento do assunto.

Disse também que a Aneel não abre esse tipo de processo para contribuições em audiências e consultas públicas. Conforme a assessoria, o processo está no início que "ainda tem muita coisa para acontecer", como estudos de viabilidade, além da licença ambiental do Ibama.

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