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Queda na área atingida por incêndios é positiva, mas inspira cautela

O Globo - https://oglobo.globo.com/
18 de Abr de 2025

Queda na área atingida por incêndios é positiva, mas inspira cautela
Nos primeiros meses do ano, chuva ajudou a conter incêndios, mas riscos persistem. Governo deve se preparar

18/04/2025

Depois do recorde de incêndios do ano ado, é boa notícia a redução de 70% na área atingida por queimadas no Brasil no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2024. Mas a queda, constatada por meio de imagens de satélite pelo Monitor do Fogo, do MapBiomas, deve ser vista com cautela. Primeiro, porque costuma chover mais nos primeiros meses do ano, especialmente no Norte e Centro-Oeste. Segundo, porque o início de 2025 ainda registra mais incêndios que em 2021, 2022 e 2023, ficando atrás apenas de 2019 e 2020.

Entre janeiro e março, foram queimados no país 913 mil hectares, quase 2,1 milhões a menos que os 3 milhões consumidos pelo fogo no mesmo período de 2024. As chamas destruíram principalmente vegetação nativa. A Amazônia concentrou a maior superfície devastada: 774,5 mil hectares, ou 84% do total. Apesar de expressivo, o número representa queda de 72% em relação ao ano anterior. Roraima sozinho foi responsável por mais da metade da destruição (415 mil hectares). Uma explicação é que lá vigora um regime de chuvas distinto. Em seguida, aparecem Pará (208,6 mil) e Maranhão (123,8 mil). Os três estados respondem por 81% da área queimada.

É auspiciosa a redução de 86% na superfície devastada pelo fogo no Pantanal, região que nos últimos anos tem sofrido com os incêndios. Em contraste, o Cerrado continua a preocupar. Foram destruídos 91,7 mil hectares, aumento de 12% em relação ao primeiro trimestre de 2024. Foi o único bioma a registrar aumento. O Cerrado concentra uma das principais fronteiras agrícolas e tem desafiado as promessas de reduzir as queimadas.

No início do ano, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, assinou uma portaria estabelecendo estado de emergência ambiental em áreas vulneráveis a incêndios. O instrumento permite que governo federal, estados e municípios contratem brigadistas e implementem ações preventivas. A ideia é aumentar o pessoal de combate ao fogo em 25%. Embora sejam positivas, as medidas só foram anunciadas após a crise do ano ado, quando diferentes regiões arderam em chamas, alimentadas pela seca severa. Somente depois que Brasília foi tomada pela fumaça das queimadas o Planalto se deu conta da gravidade da situação.

A queda no desmatamento e o combate às queimadas foram bandeiras de campanha de Luiz Inácio Lula da Silva. Não se pode dizer que não tenha havido avanço, como a redução da devastação na Amazônia. Mas a situação ainda está longe do razoável, como mostrou a calamidade das queimadas em 2024. O governo faz bem em fortalecer estados e municípios para enfrentar o fogo, mas faria melhor se investisse mais em treinamento de pessoal e fiscalização para coibir focos de incêndio. Agir depois é sempre pior. O problema está concentrado em determinas regiões, e isso deveria facilitar as ações. Por enquanto, tem chovido nessas áreas críticas. Mas há possibilidade de novas secas. O governo precisa estar preparado.

https://oglobo.globo.com/opiniao/editorial/coluna/2025/04/queda-na-area…

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