JT, Editoriais, p.A3
17 de Fev de 2004
Um golpe no Brasil que deu certo
Desde a ascensão do PT ao poder, as áreas de pesquisa do governo têm sido minadas pela incompetência e pelo preconceito ideológico. No Ministério da Ciência e Tecnologia, a desastrosa gestão de Roberto Amaral por pouco não liquidou os fundos setoriais que financiam projetos em setores estratégicos da economia. O mesmo está ocorrendo no Ministério da Agricultura, em cujo âmbito os cargos de direção da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) foram entregues a sindicalistas, ambientalistas e militantes partidários.
Com mais de 140 patentes registradas nos Estados Unidos e na Europa e 250 variedades de sementes já desenvolvidas, o que rende milhões de dólares em royalties, a Embrapa foi decisiva para a conversão do País num dos mais eficientes exportadores de grãos em todo o mundo. Graças às suas pesquisas, a soja, um grão originário de países com clima temperado, hoje é plantada até no Piauí e no Maranhão. Foi a empresa que permitiu a expansão de nossas fronteiras agrícolas para o Centro-Oeste e a Amazônia; que converteu áreas do semi-árido do Nordeste em fornecedoras de frutas para a Europa; e que ajudou a fazer do agronegócio uma atividade decisiva para nossas contas externas.
Apesar desses ganhos, que levaram à multiplicação de empregos diretos e indiretos no setor agrícola, com o PT a Embrapa mudou suas prioridades. Em vez de continuar investindo em pesquisas de ponta que trazem o progresso para o País e rendem dividendos para a sociedade, ela ou a privilegiar pequenos agricultores, especialmente os assentados da reforma agrária. Como esse pessoal não precisa de tecnologia de última geração, mas só de treinamento e assistência de agrônomos e veterinários, a mudança é um atentado contra o bom senso.
Além disso, ao abrir espaço para movimentos sociais, a Embrapa politizou sua atuação. Como os cargos técnicos aram a ser preenchidos por indicações partidárias, o princípio do mérito foi substituído pelo do compadrio. E, com a nomeação de sindicalistas e ambientalistas para cargos de confiança, os cientistas, principalmente os responsáveis por pesquisas sobre transgênicos, foram submetidos a um forte patrulhamento ideológico.
Sem liberdade para trabalhar, os 2.221 pesquisadores da empresa estão desmotivados. Neste momento em que tinha tudo para se converter num dos líderes mundiais em tecnologia agrícola em países com clima tropical, o futuro da Embrapa corre risco. Com o PT, ela pode se converter numa caricatura do assistencialismo mais rasteiro, que não traz progresso para o Brasil, mas rende generosos dividendos eleiçoeiros para o partido que o pratica.
JT, 17/02/2004, p.A3
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