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29 de Abr de 2025
Amazônia responde por mais de 40% do faturamento da mineração
Há mais de 40 tipos de minérios na região. Principal desafio é a atuação ilegal de garimpeiros, que traz impactos sociais, ambientais e no desenvolvimento do setor
29/04/2025
Do minério de ferro ao ouro e à bauxita, a Amazônia Legal é essencial na produção mineral brasileira. A região - que inclui os sete estados do Norte, além do Maranhão e Mato Grosso - concentrou no ano ado 40,6% de todo o faturamento das mineradoras.
A presença massiva das empresas na área cresce com olhos voltados à demanda de minérios essenciais para a transição energética, o que aumenta a pressão por descarbonização e iniciativas de redução de impacto da atividade no ambiente e comunidades.
Gerente de Assuntos Minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Aline Nunes, afirma que a atuação das mineradoras na região da Amazônia apresenta bons exemplos de alinhamento da produção à conservação, preservação e recuperação ambiental.
Ela destaca, porém, que o principal desafio é a atuação ilegal de garimpeiros, o que traz impactos sociais, ambientais e no desenvolvimento do setor na região.
- A mineração responsável tem buscado e priorizado as melhores práticas em seus processos produtivos e na gestão de seus negócios em todo o país. Na Amazônia há ainda a preocupação em planejar os empreendimentos minerários de forma a se adequarem à convivência com áreas protegidas e povos tradicionais - diz Aline.
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A Amazônia Legal concentra cerca de 40 tipologias minerais. Bauxita, cobre, ouro e níquel estão entre os principais minérios extraídos na região. Além do minério de ferro, produzido principalmente pela Vale em Canaã dos Carajás, no Sudoeste do Pará. A região é responsável por 60% da produção da companhia, no que é considerado o maior parque minerador do país.
Parceria com ICMBio
A expectativa é que o volume de minério originado do Pará cresça. Em fevereiro último, a Vale lançou um programa de investimentos para a região de R$ 70 bilhões. A previsão é que, com os aportes, a produção de minério de ferro no local chegue a 200 milhões de toneladas por ano em 2030.
No caso do cobre, o crescimento esperado é de 32%, levando a produção para cerca de 350 mil toneladas. Outros projetos de expansão em minas de Carajás Serra Norte estão em processo de licenciamento.
Entre as iniciativas socioambientais implementadas na região pela mineradora, há ações de recuperação de 800 mil hectares do bioma em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Na operação da Mineração Rio do Norte (MRN) de exploração de bauxita na Região Oeste do Pará, o foco é nas ações de reflorestamento. No ano ado, uma área de 380 hectares, equivalente a 570 campos de futebol, foi reflorestada.
Para a produção das mudas, a empresa comprou 3,5 toneladas de sementes de espécies nativas - como andiroba, castanha-do-pará, copaíba e cumaru - fornecidas por comunidades ribeirinhas e quilombolas. O preparo das plantas, da produção das mudas ao plantio, é feito por técnicos da empresa e agentes da comunidade, num investimento de R$ 4 milhões.
- O conjunto de ações relacionadas ao reflorestamento está contemplado nos aportes em projetos socioambientais, que superaram R$ 42 milhões no ano ado, priorizando a transferência de capacidades e a construção da autonomia das comunidades - afirma Guido Germani, CEO da MRN.
Muitas dessas espécies, diz ele, além de desempenharem um papel ecológico essencial, geram renda para as comunidades, que têm na floresta importante fonte de sustento.
Outros cuidados da empresa am pela gestão de ruídos, para proteger a fauna local, e no manejo dos resíduos. Em 2024, 99,7% dos resíduos foram destinados ao reúso, reciclagem ou tratamento.
Pesquisa e controle
Com a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP30, marcada para acontecer "no quintal", Germani afirma que há espaço para que o setor minero-metalúrgico possa mostrar que "sabe operar e produzir de forma sustentável, mesmo quando inserido em um ecossistema complexo como a Amazônia":
- É um momento especial para nos colocarmos como parceiros do desenvolvimento da região, usando o enorme potencial de forma inteligente.
Ações de restauração florestal também são desenvolvidas pela Mineração Taboca, principal produtora de estanho do país, com mina na cidade de Presidente Figueiredo, no Amazonas. Em 2024, a empresa investiu cerca de RS 18 milhões em ações de pesquisa, controle e monitoramento ambiental.
Eduardo Machado Orban, diretor-presidente da companhia, calcula que, desde 2013, 494 hectares da área de mais de 1,2 mil hectares foram reflorestados. Com a recuperação das áreas, os animais começam a retornar para a floresta, como mostra o monitoramento que a mineradora faz com câmeras:
- A presença de espécies nas áreas de restauração como anta, veado, cutia, macaco-prego, aves como o mutum e grandes felinos como a onça pintada e parda, é um importante bioindicador e comprova o sucesso do programa.
Para a diretora de Pesquisa do Instituto Escolhas, Larissa Rodrigues, ações de reflorestamento de áreas exploradas e de preservação de qualidade dos cursos d'água e do solo, com monitoramento para evitar contaminação, são essenciais.
Mas defende que é preciso aprimorar investimentos de fiscalização da Agência Nacional de Mineração (ANM).
- A agência é uma das reguladoras com menos recursos, e é a que controla um dos principais setores econômicos do país.
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