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Aquecimento ameaça redução da pobreza

OESP, Vida, p. A15
07 de Nov de 2006

Aquecimento ameaça redução da pobreza
189 nações discutem tema em conferência da ONU

REUTERS E AFP

As 189 nações que participam da 12ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, ou COP-12, foram conclamadas ontem, no primeiro dia do encontro, a se posicionarem urgentemente com mais firmeza na luta para interromper o aquecimento global. Isso porque uma de suas muitas conseqüências é ameaçar reverter sucessos na luta contra a pobreza.

'A mudança climática está rapidamente emergindo como a mais séria ameaça que a humanidade pode enfrentar', afirmou o ministro do Ambiente do Quênia, Kivutha Kibwana. 'É um perigo genuíno, que poderá reverter nas próximas décadas ganhos que tivemos na redução da pobreza, principalmente entre as populações menos favorecidas da África.'

As declarações de Kibwana são balizadas por um relatório divulgado na semana ada pelo governo britânico, que calculou perdas entre 5% e 20% do PIB mundial por ano por causa do aquecimento. Outro texto, divulgado pela ONU no domingo, aponta que o continente africano está ainda mais vulnerável.

A previsão é de que cerca de 70 milhões de pessoas possam sofrer com inundações de áreas costeiras por volta de 2080 por causa da elevação do nível do mar. Além disso, mais de um quarto dos hábitats africanos corre risco de destruição.

O evento, que segue pelas próximas duas semanas, tem como objetivo principal tentar minimizar as disputas em torno do Protocolo de Kyoto. O acordo, criado em 1997, estabelece que as 35 nações mais ricas do mundo cortem suas emissões de gás carbônico em 5% em relação aos níveis de 1990 até 2012.

O maior obstáculo ainda é a recusa dos Estados Unidos em ratificá-lo. Por enquanto o presidente George W. Bush não tem mostrado sinais de que pretende mudar sua posição.

Pelo relatório do governo britânico, se não houver redução no ritmo do aquecimento global, o mundo poderá entrar em uma crise econômica semelhante à depressão dos anos 30.

Organizações ambientalistas esperam que uma eventual vitória dos democratas nas eleições legislativas que ocorrem nos EUA na próxima semana possam minimizar o problema. É provável que isso não signifique uma ratificação imediata do protocolo, 'mas pode ser que, ao menos, se adote uma lei para redução dos gases de efeito estufa', afirmou Hans Verolme, do Fundo Mundial para a Natureza (WWF).

O Greenpeace ponderou, entretanto, que, se a responsabilidade por reduzir as emissões é dos países ricos, diante de recusas como a dos EUA e da Austrália, cabe também às demais nações, como China, Índia e Brasil, assumirem uma posição de combate nessa luta.

'O governo brasileiro deve evitar o desmatamento e promover a produção de energia limpa', defendeu Steve Sawyer, conselheiro da ONG em Nairóbi, capital do Quênia, onde ocorre o evento - que pela primeira vez é sediado na África.

A ONG Care anunciou o lançamento de um 'fundo social de carbono' no Brasil para reduzir a pobreza endêmica mediante um sistema de créditos de carbono.

OESP, 07/11/2006, Vida, p. A15

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