FSP, Editoriais, p. A2
19 de Jun de 2010
Clima nas cidades
Nem tudo são más notícias na seara da mudança do clima. No mundo, o combate ao esperado aquecimento global vai de retrocesso em retrocesso. No Brasil, contudo, um o acaba de ser dado no quesito "adaptação".
Na linguagem da burocracia climatológica, que debate soluções para o problema desde 1992, "adaptação" se sobrepõe a "mitigação". Este último vocábulo se refere ao objetivo de reduzir emissões de gases do efeito estufa, na tentativa de diminuir (mitigar) o aquecimento da atmosfera e algumas graves perturbações do clima que dele adviriam.
Já o termo "adaptação" diz respeito às providências que os governos precisam adotar para evitar danos à população.
A boa nova é o relatório "Vulnerabilidade das Megacidades Brasileiras às Mudanças Climáticas: Região Metropolitana, São Paulo". O estudo, realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela Unicamp, mapeou a provável duplicação da mancha urbana até 2030 e identificou áreas com risco de enchentes e deslizamentos.
A Grande São Paulo já enfrenta consequências de uma mudança acentuada do clima, ainda que ela se deva mais ao fenômeno "ilha de calor" (elevação da temperatura por impermeabilização do solo) do que ao efeito estufa. No centro da cidade, os termômetros registram marcas 7C maiores que nas regiões da periferia.
Até 1930, chuvas torrenciais, com mais de 50 milímetros (ou 50 litros d'água por metro quadrado), ocorriam uma vez por ano. Hoje são quatro aguaceiros desses ao ano, em média.
Ao cruzar tais previsões com áreas de provável aumento de construções e declives, pesquisadores traçaram mapas valiosos. Eles mostram que mais de 20% da expansão poderá ocorrer sobre áreas de risco -caso o poder público não tome providências.
FSP, 19/06/2010, Editoriais, p. A2
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