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De São Paulo para a Rio+20

O Globo, Ciência, p. 38
03 de Jun de 2011

De São Paulo para a Rio+20
Prefeitos de todo o mundo encerram reunião climática com carta a evento da ONU

Marcelle Ribeiro

SÃO PAULO No encerramento de encontro em São Paulo, representantes da rede C40 (grupo de 40 grandes cidades de vários países criado para discutir sobre meio ambiente) divulgaram ontem uma carta destinada aos organizadores da Rio+20 em que pedem o reconhecimento dos esforços dos municípios na questão climática. O grupo reivindicou mais espaço e autoridade frente aos governos nacionais e órgãos internacionais e também pediu que as cidades tenham o facilitado a financiamentos,para fazer adaptações necessárias ao desenvolvimento sustentável e às mudanças climáticas.
O C40 quer fazer parte do planejamento da Rio+20 (cúpula da ONU para discutir desenvolvimento sustentável e economia verde, que ocorrerá no Rio, no ano que vem, 20 anos depois da Rio 92). Na carta, os prefeitos da C40 criticam a eficácia das medidas adotadas pelos órgãos internacionais e por governos, afirmando que elas não tiveram impacto significativo, enquanto as ações tomadas pelas cidades têm feito a diferença.
- Nossas cidades precisam colaborar mais para que tenhamos um impacto cada vez maior. E queremos colaborar mais de perto com organizações internacionais. A C40 acredita que o nosso grupo pode e deve ter um papel significativo na Rio+20 - disse o presidente da C40, o prefeito de Nova York, Michal Bloomberg.
Durante o seminário C40 São Paulo Summit, prefeitos cobraram uma maior participação de seus governos nacionais. A prefeita de Sidney, Clover Moore, disse que o governo da Austrália deveria dar mais importância às mudanças climáticas, que são reais.
- O debate político e público na Austrália não reflete a urgência das mudanças climáticas - afirmou a prefeita, que criticou o compromisso assumido pelo país de diminuir em 5% as emissões até 2020.
Taxa de enchente é criada nos EUA
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, disse que é papel dos municípios pressionar por mais investimentos:
- São os municípios que prestam serviços para a população. Quando os municípios têm dificuldades financeiras de implantar políticas públicas desses sistemas, eles têm o legítimo uso de pressão na esfera estadual e federal, para conseguir recursos.
No último dia do evento, as cidades apresentaram projetos de adaptação às mudanças climáticas em curso. Para ter recursos para investir em pesquisa e no desenvolvimento de medidas mais inovadoras de drenagem da água da chuva, a cidade de Houston, nos EUA, vai começar a cobrar, a partir de julho, uma "taxa de enchente" de seus moradores.
A taxa, em média de US$ 5 por mês, por imóvel, será cobrada por dez anos, segundo a diretora de Sustentabilidade da prefeitura de Houston, Laura Spanjian:
- O novo financiamento vai permitir aumentar significativamente os nossos recursos para lidar com as enchentes. Precisamos desse fundo não para resolver problemas à medida que eles surgem, mas para podermos pensar coisas mais inovadoras.
O presidente da RioÁguas, Mauro Duarte, disse que a cidade não pensa em cobrar uma "taxa de enchente", mas concorda que é preciso pensar em inovação:
- Os projetos são muito conservadores no Rio. Temos uma tendência a só buscar a canalização, mas temos que buscar coisas inovadoras. A gente fala de tecnologia, só que ela tem que ser a preços viáveis.
O gerente de Programa de Iniciativas Climáticas de Roterdã, na Holanda, Arnoud Molenaar, apresentou projetos da cidade como praças que viram piscinões quando chove muito e permitem um escoamento gradual da água. O prefeito de Portland, nos EUA, Sam Adams, relatou a experiência de sua cidade, em que os moradores são estimulados a tornar suas casas mais eficientes energeticamente, com financiamentos atrativos dos custos da reforma, descontados na conta de luz.

O Globo, 03/06/2011, Ciência, p. 38

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