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Estados na Amazônia estão entre os que menos têm educação ambiental nas escolas públicas

O Globo - https://oglobo.globo.com/
28 de Abr de 2025

Estados na Amazônia estão entre os que menos têm educação ambiental nas escolas públicas
O Pará, onde ocorre a COP30 este ano, integra a lista com maior defasagem

28/04/2025

Bruno Alfano

Quatro dos sete estados que menos oferecem educação ambiental nas escolas públicas (considerando as redes estaduais e municipais) estão na Floresta Amazônica. Na lista constam Acre, Amazonas, Roraima e até o Pará, que vai receber a COP30 neste ano. Esta é a primeira vez que o Censo Escolar, pesquisa do Inep, faz este levantamento entre as redes. Rio Grande do Sul, que sofreu a maior tragédia climática em área da história do país, São Paulo e Rio, ambos também alvos de enxurradas recorrentes, completam o grupo.

De acordo com Narjara Mendes, especialista no tema, educação ambiental significa a compreensão dos conflitos socioambientais, da exploração e degradação do ambiente e da problematização sobre o consumo, assim como a valorização das culturas que sejam locais e não hegemônicas.

- A educação ambiental é um processo relevante para reconexão de crianças e jovens com a natureza e para a compreensão da complexidade social atual. Os alunos vivenciam os impactos da crise climática e as consequências da sociedade consumista, e a escola tem o potencial de mobilizar ações que façam com que eles se sintam protetores do ambiente, problematizadores da sociedade do consumo e da degradação socioambiental - diz a professora da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) e uma das coordenadoras de um curso de formação para professores, realizado pelo Ministério da Educação, voltado para educação infantil ambiental.

O Brasil tem sofrido nos últimos anos cada vez mais eventos climáticos extremos, tanto em intensidade quanto em recorrência. Além da tragédia histórica que atingiu quase todas as cidades gaúchas no ano ado, o país viveu secas sem precedentes no Norte, ondas de calor inéditas e um recorde de queimadas. Em 2024, a Política Nacional de Educação Ambiental completou 25 anos. Mesmo assim, um terço das escolas do país ainda não realizou qualquer atividade do tema naquele ano.

- Esse é um resultado muito ruim. É preciso mais investimentos e programas para a formação inicial e continuada de professores sobre a educação ambiental, e para a mobilização de projetos pedagógicos curriculares e ações propositivas que envolvam a comunidade escolar - defende a especialista.

Os dados mostram também que a forma mais comum de o tema entrar nas escolas é por meio de projetos transversais ou interdisciplinares (64% dos colégios relataram que adotam essa medida) e com conteúdos dos componentes ou trabalhos de experiências presentes no currículo (52%). Outros 11% relataram possuir um componente curricular específico para o tema e 10% disseram desenvolver a educação ambiental como um eixo estruturante do currículo.

Formação de professores
No Rio Grande do Sul, o tema é majoritariamente presente nas escolas municipais (só 20% relataram não tratá-lo). No entanto, na rede estadual, apenas 5% trabalham com ele. Em nota, a secretaria de Educação do estado informou que criou uma nova matriz curricular para este ano após a tragédia de 2024:

- A Rede Estadual implantou um novo referencial curricular no ano de 2025, uma nova matriz curricular que traz a questão climática como tema transversal, reforçando o papel da escola na formação de cidadãos mais conscientes e preparados para os desafios ambientais. Estamos avançando rapidamente, também, na elaboração de protocolos de prevenção e resposta a desastres e riscos climáticos no ambiente escolar. Esse é um o essencial para consolidar a ideia de uma escola resiliente não só na estrutura, mas também na cultura organizacional - afirmou a secretaria ao GLOBO.

No Pará, sede da principal conferência do clima no planeta em 2025, o cenário é o inverso. Nesse caso, são as escolas das prefeituras que não trabalham o assunto. Na rede estadual, todas relataram conteúdos de educação ambiental. O estado, inclusive, foi o primeiro a criar uma disciplina específica sobre o tema no ensino médio.

- Cada região terá sua demanda específica e precisa refletir, a partir da educação básica, os impactos da crise climática e da injustiça social para trabalhar com seus estudantes - diz Narjara.

De acordo com o Ministério da Educação, a pasta atualizou, em 2024, a Política Nacional de Educação Ambiental e já estão em andamento algumas ações, como o apoio a cursos de formação para professores e coordenadores pedagógicos com ênfase nas diferentes etapas escolares, da educação infantil até o ensino médio.

Na última quarta-feira, a Comissão de Educação da Câmara aprovou um projeto que prevê destinar parte do Programa Dinheiro Direto na Escola - recursos que o MEC envia para que os colégios possam usar como quiserem - para promover ações de educação ambiental e de sustentabilidade socioambiental. O texto ainda ará por outras duas comissões e seguirá para o Senado.

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