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Hidrelétricas receberão R$ 4,3 bi do BNDES

FSP, Dinheiro, p. B8
25 de Mai de 2005

Hidrelétricas receberão R$ 4,3 bi do BNDES
Banco estatal deverá aprovar pacote de financiamento para quatro grandes projetos de usinas no país

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) está prestes a aprovar um megapacote de empréstimos para a construção de usinas hidrelétricas. São quatro grandes projetos, que, juntos, demandam investimentos de cerca R$ 6,6 bilhões e receberão financiamentos do banco estatal de R$ 4,3 bilhões. Ou seja: o BNDES irá financiar cerca de 65% dos projetos.
As quatro novas usinas terão uma capacidade 2.380 MW. É pouco mais de 3% da capacidade total do parque gerador hídrico do país, um dos maiores do mundo.
O maior projeto é o da usina de Estreito, no Rio Tocantins, com investimentos previstos de R$ 3,5 bilhões. A previsão é que o BNDES empreste R$ 2,4 bilhões aos sócios da usina, que vai gerar 1.080 MW. Esse é o projeto que está na fase mais inicial de análise entre os quatro.
Os sócios só apresentaram, por enquanto, uma carta-consulta ao BNDES, relatou à Folha o chefe do Departamento de Energia do BNDES, Nelson Siffert. Estreito é uma sociedade entre Tractebel (do grupo belga Suez), Vale do Rio Doce, Alcoa, BHP Billiton e Camargo Corrêa Energia.
De acordo com ele, o mais adiantado dos projetos, que deve ser aprovado pela diretoria do banco em menos de um mês, é o de Salto Pilão (SC). A usina vai consumir R$ 526 milhões em investimento e terá um financiamento do BNDES de R$ 275 milhões. Construída em consórcio por Alcoa, Camargo Corrêa Cimentos, DME e Votorantin Cimentos, a usina terá capacidade de 182 MW. Outros dois projetos já foram enquadrados: Foz do Chapecó (SC), com investimento de R$ 1,8 bilhão e financiamento de R$ 1,1 bilhão, e São Salvador (TO), com investimento de R$ 773 milhões e financiamento do banco de R$ 526 milhões. As usinas terão capacidade de 880 MW e 241 MW, e seus sócios são Vale do Rio Doce e FL e Tractebel, respectivamente.
Nesses dois casos, os projetos aguardam a entrega da documentação dos investidores para que a área técnica conclua a análise e indique a aprovação à diretoria. A previsão é que as quatro usinas estejam operando em plena capacidade até 2010.
Siffert disse que todos os empréstimos estarão livres da variação cambial, diferentemente dos financiamentos às privatizações, que variavam de acordo com a cotação de uma cesta de moedas. Com isso, diz, o risco do investidor é menor.
Os financiamentos do banco serão corrigidos pela TJLP, mais juro de 1% a 4% ao ano. O executivo do BNDES disse ainda que o setor, depois da fase difícil vivida por causa do racionamento, está em franca ascensão, com novos projetos e mais capitalizado.
Prova disso, diz, é que cresceram os desembolsos do BNDES para a área de energia -de R$ 10 bilhões em 2003 para R$ 15,2 bilhões em 2004.
Ele ressalta que, diferentemente de anos anteriores, a maior parte dos recursos foi para obras de expansão, e não programas de ajuda financeira às empresas do setor.
Siffert disse ainda só no governo Lula o BNDES apoiou a instalação de 16 usinas, que colocarão no mercado uma capacidade adicional de 7.800 MW (mais de 10% da capacidade nominal do sistema hidrelétrico brasileiro) até o final de 2008.
"Isso porque o Brasil nem sequer utilizou 25% do seu potencial de aproveitamento hídrico, enquanto países como a França já utilizaram 100% de sua capacidade", ressaltou ele.
Segundo o executivo, a Amazônia guarda a mais importante reserva de aproveitamentos para geração de energia do país. Ele destacou os projetos de construção de quatro usinas no Rio Madeira, que, juntas, representam um acréscimo de pelo menos 7.000 MW ao sistema elétrico.
Siffert disse ainda que o banco poderá apoiar esses projetos, importantes para a integração da América do Sul e para ampliar a navegabilidade do rio Madeira, que seria um corredor de escoamento da soja.

Copel confirma falha em sua maior usina, mas nega risco de rompimento
Barragem no PR tem infiltrações
Mari Tortato
O paredão de concreto que forma a barragem da hidrelétrica de Salto Caxias - a maior e mais importante que a Copel (Companhia Paranaense de Energia) mantém no rio Iguaçu- apresenta inúmeras infiltrações, detectadas desde quando começou a operar, em 1998.
Até anteontem reservada a técnicos, a informação dos vazamentos chegou à imprensa local e obrigou a direção da Copel a iti-los. Mas a companhia nega que haja risco de rompimento e de um conseqüente desastre ambiental.
"A Copel tem a convicção de que tem o controle total e absoluto de que a represa é segura, pelo menos num universo de futuro que não sabemos de quantos anos, mas por ora não necessitamos de uma intervenção drástica", disse o presidente substituto da companhia, Luiz Antonio Rossafa. Ainda segundo ele, por enquanto não existe a necessidade de parar ou esvaziar a usina.
Com capacidade para gerar 1.240 MW de potência, Salto Caxias foi construída com dinheiro federal e da Copel numa queda do rio Iguaçu em Capitão Leônidas Marques, cidade de 14.387 habitantes (Censo de 2000), a 600 km de Curitiba. Com sua capacidade, pode bancar sozinha o consumo de eletricidade no Paraná. A obra foi feita pela DM Construções.
A Copel não divulgou o volume de água que pode armazenar nem o impacto que pode ter, se liberada de forma concentrada.
Rossafa disse que, após ter sido detectado o problema, ainda em 98, houve uma sucessão de correções e que a última foi feita em 2001. Desde então, os testes de monitoramento não mostraram necessidade de intervenções. Ele chamou o defeito de "disfunção executiva da obra".
"A avaliação [de 2001] mostrou que os efeitos corretivos resolveram o problema, em parte. Um relatório de abril deste ano mostrou que não houve absolutamente nenhuma evolução nas fissuras e que o volume de água que se perde nesses pequenos espaços é o mesmo desde 2001", afirmou. Segundo a engenheira civil da Copel Denise Krieger, problemas de infiltração como os detectados em Salto Caxias "ocorrem em diversas barragens do mundo". Ela diz que os índices da barragem estão "totalmente monitorados".

FSP, 25/05/2005, Dinheiro, p. B8

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