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21 de Mai de 2025
Impulsionado por incêndios, Brasil foi o terceiro país do mundo que mais perdeu área de floresta em 2024
Apesar da redução recente do desmatamento na Amazônia, a alta de fogo em 2024 causou grandes impactos
Por Lucas Altino, O Globo - Rio de Janeiro
21/05/2025 03h30 Atualizado há 6 horas
O planeta perdeu, no ano ado, 30 milhões de hectares de floresta. Cerca de 14% desse total eram território do Brasil, o terceiro país do mundo com maior perda de cobertura arbórea, em números absolutos, segundo dados do Global Forest Watch, do WRI, ONG ambiental de pesquisa independente. Apenas Rússia e Canadá tiveram resultados piores. Pela primeira vez na série histórica, os incêndios, e não a agricultura, foram a principal fonte de destruição, um sinal do impacto das mudanças climáticas, afirmam pesquisadores.
Apesar de o Brasil ter melhorado suas taxas de desmatamento oficiais no ano ado, os dados do WRI têm outros parâmetros, o que explica o resultado diferente. O monitoramento oficial do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), através do Prodes, analisa os chamados cortes rasos, ou seja, quando a floresta é derrubada de fato. No ano ado, o país teve recuo de desmatamento de 30% na Amazônia e de 25% no Cerrado, segundo esse critério. Já o do Global Forest Watch considera os incêndios, que vão degradar a mata, mas não necessariamente derrubam todas as árvores, por isso a quantidade é maior.
Perda de florestas em 2024
(em hectares)
No mundo: 29.584.545
Rússia: 5.180.170
Canadá: 5.165.931
Brasil: 4.31.697
Bolívia: 1.813.613
EUA: 1.586.200
Considerando toda a área de fogo, que no ano ado bateu recorde no Brasil, os números de 2024 do Global Forest Watch mostram a maior perda de cobertura arbórea da Amazônia desde 2016. Rússia e Canadá, os dois países que superaram o Brasil em área degradada, também sofreram principalmente com queimadas.
No Brasil, 66% da perda levantada pelo WRI foram causados por incêndios, impulsionados pela seca histórica que assolou a Amazônia. Na comparação com outras causas, o desmatamento foi menor do que o observado durante a gestão de Jair Bolsonaro, mas 13% maior do que em 2023. Em 2022, o Brasil era o segundo país com mais perda arbórea do mundo, de acordo com esse mesmo monitoramento, e ou a ser o terceiro colocado nos dois últimos anos.
Mariana Oliveira, Diretora do Programa de Florestas e Uso da Terra do WRI Brasil, diz que o combate ao desmatamento melhorou no terceiro mandato de Lula, mas que o problema ainda persiste:
- Sem investimentos sustentados na prevenção de incêndios florestais, fiscalização mais rigorosa nos estados e foco no uso sustentável da terra, conquistas arduamente obtidas correm o risco de serem desfeitas. Enquanto o Brasil se prepara para sediar a COP30, tem uma oportunidade poderosa de colocar a proteção florestal em primeiro plano no cenário global - afirma a especialista.
Recorde global
Os 30 milhões de hectares de área de floresta degradada em 2024 foram um recorde na série histórica do WRI, iniciada em 2001. As florestas primárias tropicais foram as que sofreram maior aumento: em 2024 foi praticamente o dobro do registrado em 2023, uma área de 6,7 milhões de hectares, quase o tamanho do território do Paraná. Depois do Brasil, o país tropical com pior resultado foi a Bolívia: 1,5 milhão de hectares de floresta, um aumento de 200% em relação ao ano anterior.
Os incêndios emitiram 4,1 gigatoneladas de gases de efeito estufa no mundo, segundo o WRI, mais de quatro vezes as emissões de todas as viagens aéreas de 2023.
- Este nível de perda florestal é diferente de tudo que vimos em mais de 20 anos de dados - destaca Elizabeth Goldman, codiretora do Global Forest Watch do WRI. - É um alerta vermelho global, um chamado coletivo à ação para cada país, cada empresa e cada pessoa que se preocupa com um planeta habitável. Nossas economias, nossas comunidades, nossa saúde, nada disso pode sobreviver sem florestas.
O ano de 2024 foi o mais quente já registrado, o que impulsionou incêndios em todo o planeta. Um reflexo do impacto das mudanças climáticas, explicam os pesquisadores, e que dificulta a recuperação de florestas.
- Se essa tendência continuar, poderá transformar permanentemente áreas naturais críticas e liberar grandes quantidades de carbono, intensificando as mudanças climáticas e alimentando ainda mais incêndios extremos. Este é um ciclo de perigoso que não podemos nos dar ao luxo de desencadear ainda mais - afirma Peter Potapov, professor pesquisador da Universidade de Maryland e codiretor do Laboratório de Análise e Descoberta de Terras Globais (Glad).
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