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05 de Abr de 2025
O que explica os desastres climáticos no estado do Rio? Especialistas apontam os 'vilões'; entenda
Forma de ocupação do solo é um dos fatores mencionados
05/04/2025
Anna Bustamante
Geografia acidentada, urbanização desordenada e infraestrutura defasada: especialistas destacam por que o Rio segue refém de desastres durante a temporada de chuvas. Apesar de os temporais serem comuns, segundo meteorologistas, os impactos parecem se intensificar a cada novo evento, com uma sucessão de deslizamentos, alagamentos, bairros isolados e mortes.
Pancadas de chuva no Rio não são uma novidade. Thiago Sousa, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), lembra que, desde os primeiros registros históricos, a cidade já enfrentava eventos climáticos extremos. Ele conta que, em 1575, o padre José de Anchieta descreveu, em carta, a devastação causada por um temporal: "Choveu tanto que se encheu e rebentaram as fontes".
- Temporais devastadores sempre fizeram parte da história do Rio. O que pode ter mudado é a forma como a cidade cresce, a ocupação desordenada, a impermeabilização do solo e o aumento da vulnerabilidade de algumas áreas, agravando os impactos desses eventos. Mas a ocorrência de tempestades intensas em si é algo comum desde os tempos coloniais - explica Thiago.
Mudanças climáticas
Segundo o meteorologista Guilherme Borges, da Climatempo, a chegada de frentes frias é a principal responsável pelos temporais no Estado do Rio. Além disso, as mudanças climáticas, que intensificam esses fenômenos, preocupam. Outro fator destacado por ele é o relevo da cidade:
- As frentes frias am com muita frequência pelo Sudeste e, ano após ano, o aquecimento global tem contribuído para intensificá-las ao chegarem ao estado. Na Região Serrana, a presença de montanhas na faixa oeste favorece, em alguns casos, a intensificação de tempestades que se formam no interior do continente e avançam em direção ao estado.
Julio Cesar da Silva, engenheiro civil, professor da Uerj e especialista em desastres, é direto: esses episódios não ocorrem apenas devido à intensidade das chuvas, mas, principalmente, por causa da forma como a cidade foi ocupada e planejada:
- Eu costumo dizer que são duas coisas: falta de planejamento urbano e de manutenção. É lógico que o planejamento urbano talvez seja a parcela mais forte disso tudo, mas não limpar os bueiros devidamente em véspera de período chuvoso é um agravante, e a falta de drenagem também.
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