OESP, Metrópole, p. C12
03 de Out de 2006
Parque da Serra do Mar ganha plano de manejo
Após décadas de espera, o Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) aprovou o primeiro plano de manejo do Parque Estadual da Serra do Mar. Criado em 1977, o parque é a maior unidade de preservação da mata atlântica do País, com 300 mil hectares distribuídos por 28 municípios. A deliberação do conselho foi publicada no Diário Oficial de sexta-feira.
O plano de manejo é um projeto de ordenamento territorial da região baseado no diagnóstico de especialistas. Segundo a coordenadora de planos de manejo do Instituto Florestal de São Paulo, Adriana Mattoso, o mapeamento do parque foi feito por 50 profissionais e custou cerca de R$ 500 mil. Feito em parceria com o Instituto Ekos do Brasil, o trabalho foi patrocinado pelo governo alemão.
O plano estabelece três tipos de zona dentro do Serra do Mar: de ocupação temporária, histórico-cultural-antropológica e de uso conflitante. A primeira corresponde às áreas ocupadas de forma irregular por posseiros, e representa 5% da área total. Para estas, o plano propõe regras de uso temporário.
As áreas históricas - também 0,5% do território - são as que abrigam comunidades caiçaras e de quilombolas, que vivem há séculos em Picinguaba, município de Ubatuba. A idéia, neste caso, é a mudança da categoria de manejo com o objetivo de permitir que os moradores permaneçam sob regras.
A terceira categoria, a de uso conflitante, que corresponde a 0,73% do território, é composta das áreas que receberam infra-estrutura, como estradas, ferrovias, dutos, linhas de transmissão, estações de tratamento e captação de água e antenas, entre outras. "Essas estruturas têm áreas de manutenção por onde entram os palmiteiros e posseiros, por exemplo", explica Adriana Mattoso.
O Parque da Serra do Mar está prestes a receber ainda mais invasões do gênero, como a duplicação da Rodovia Tamoios e a construção do Trecho Sul do Rodoanel.
"Por isso que, de certa forma, é um avanço que se tenha um plano de manejo, porém o parque tem pouco a comemorar", diz o diretor de mobilização da S.O.S. Mata Atlântica, Mário Mantovani. Segundo Adriana, porém, o plano permitiu abrir negociação para que as empresas de infra-estrutura se tornem parceiras na vigilância.
Parque tem 373 espécies de aves
O trabalho de caracterização da biodiversidade do Parque Estadual da Serra do Mar revelou surpresas à equipe que percorreu 21 trilhas da região, em 40 dias de trabalho. "A riqueza natural da área foi a maior", afirma Adriana Mattoso, do Instituto Florestal.
Neste período, conta, foram registradas 373 espécies de aves - mais da metade do total existente em áreas de mata atlântica -, 111 espécies de mamíferos, sendo 22 ameaçados de extinção, e ainda 1.265 espécies de árvores e arbustos. Três desta categoria ainda não possuem identificação. "É uma riqueza fantástica."
O encontro de jacutingas, aves da mesma linhagem do jacu, foi um dos pontos altos da caminhada dos especialistas pelo parque, de acordo com Adriana. Isso porque o pássaro depende do palmito nativo, também chamado de juçara, para sobreviver. "A planta, que alimenta mais de 70 espécies, está ficando rara por causa da extração, porque tem bom mercado% explica Adriana, incluindo na lista de descobertas, também, o macuco.
Além de mapear o parque e ordenar seu território, o plano de manejo propõe um plano de exploração turística.
OESP, 03/10/2006, Metrópole, p. C12
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