Site Claudio Humberto
28 de Out de 2007
Polícia Federal fechou em Roraima mais um guichê do esquema de desvio de dinheiro da Fundação Nacional da Saúde (Funasa), um órgão do Ministério da Saúde que investe em saneamento básico e cuida da saúde dos índios. Na semana ada, foram presas 32 pessoas, acusadas de desviar R$ 34 milhões em obras de engenharia, compras de medicamentos e contratos com empresas de táxi-aéreo. Entre os presos pela Operação Metástase está o coordenador regional da Funasa em Roraima, Ramiro José Teixeira, um ex-deputado estadual e apadrinhado político do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).
Funcionários graduados da Funasa dizem que Ramiro Teixeira tinha uma autonomia em relação à diretoria nacional do órgão maior que a de outros coordenadores regionais. "Ele se reportava mais ao Jucá", afirma um ex-diretor. Romero Jucá é o principal aliado do presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros, até nas parcerias para indicações políticas para o governo federal. De acordo com denúncia feita a ÉPOCA pelo advogado Bruno Miranda, o lobista Luiz Carlos Garcia Coelho, ex-sogro de Bruno, montou um esquema de arrecadação de dinheiro para Renan Calheiros em ministérios comandados pelo PMDB. Segundo Miranda, Jucá também teria recebido dinheiro nas operações feitas pelo lobista Luiz Coelho.
A força de Romero Jucá na Funasa pode ser avaliada por sua capacidade de levar dinheiro para Roraima. Investigações da Polícia Federal revelaram um dado surpreendente: apesar de ter um território e população indígena menores que os do Estado do Amazonas, Roraima recebe o dobro de recursos da Funasa. ÉPOCA tentou ouvir Romero Jucá sobre as denúncias de fraudes em Roraima, mas ele não respondeu aos telefonemas. Em nota, a Funasa afirma que a investigação da PF se baseou nas apurações de uma auditoria interna do próprio órgão. A versão da polícia é diferene.
De acordo com o delegado Alexandre Ramagem, coordenador da Operação Metástase, o esquema da Funasa em Roraima foi flagrado por acaso. A PF investigava Hissan Hussen, um empresário do Paraná - proprietário de hotéis e postos de gasolina - suspeito de lavagem de dinheiro para o narcotráfico. Escutas telefônicas mostraram que os mesmos helicópteros alugados por Hussen à Funasa eram usados pelo esquema dos traficantes. As conversas telefônicas gravadas revelaram também fraudes na Funasa. Hussen foi preso pela PF na quinta-feira.
ÉPOCA revelou em setembro as investigações do Ministério Público Federal, da Controladoria-Geral da União e do Tribunal de Contas da União sobre contratos sem licitação ou superfaturados e serviços pagos, mas não prestados, entre outras irregularidades. Há outras operações sobre a Funasa em curso na Polícia Federal, mantidas em sigilo.
Com uma espécie de intervenção branca, o Palácio do Planalto também aumentou a vigilância sobre a autarquia. "A liberação do dinheiro saiu das mãos da diretoria da Funasa", disse a ÉPOCA um ministro com gabinete no Palácio do Planalto. O dinheiro agora só sai com prévia autorização de um comitê gestor integrado pela Casa Civil e pelos ministérios da Fazenda e do Planejamento. Há ministros que consideram essa medida insuficiente e propõem a extinção da Funasa, com a transferência das obras de saneamento para o Ministério das Cidades e da missão de cuidar da saúde das comunidades indígenas para a Fundação Nacional do Índio (Funai).
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